Monday 13 August 2007

Manhã de Domingo

Hoje eu acordei querendo uma história. Mas não qualquer história, dessas que se vêem por aí. Queria algo novo, diferente e especialmente triste. Mais triste do que qualquer outra já escrita. Querer demais? Talvez.
Werther e Romeu seriam considerados felizes diante do meu protagonista. Esta seria uma história sem sonhos, juras de amor, ou final feliz. Sem companhia, sem esperanças, sem paz. Uma história de solidão, talvez. De desilusões, de sementes não germinadas, de poesias mal terminadas, de idéias que nunca serão concretizadas.
Mas não sabia como começar, o que falar, sobre quem escrever, embora ao meu ver tudo estivesse aqui, bem aqui, na ponta do coração. Sentia mas não conseguia expressar. Via mas não conseguia falar. E nesta angústia, percebi que algo estava errado, que alguma coisa estava fora do lugar. Como um quadro que não se encaixa na moldura.
E com o meu quebra cabeças de peças confusas, comecei a pensar. Estava buscando minha solução, meu personagem, minhas respostas. Via apenas uma névoa, e quase não sabia como agir. E ela, a minha história, parecia simplesmente ter desaparecido, assim, como num estalar de dedos. Por quê? Pela minha ousadia, de querer algo que alguém jamais ousara escrever ou até mesmo sentir? Dizem que as histórias escolhem os seus contadores, e eu fiquei ali, pensando, se eu não tinha sido a escolhida da vez.
Depois de muito pensar, lentamente eu fui descobrindo. Fui percebendo o que acontecera, assim, de forma clara, sem deixar dúvidas. Tinha deixado passar, assim, como por descuido um detalhe importante...
Não deve haver história tão triste que não mereça um amor, uma companhia, um olhar de carinho. Mesmo que não correspondido, distante ou não percebido. Não deve haver um personagem tão solitário que não possa contar ao menos consigo, ou com um único amigo.
Finais felizes podem demorar ou não ser perfeitamente sincronizados, mas eles acontecem... Pode ser que não em todas as histórias, mas é uma questão de escolhas... Ser feliz é conseqüência de saber o que são prioridades e do modo de enxergar o mundo... E isso não depende de coisas externas a nós mesmos. Cada um é responsável pelo que sente e de certa forma, também pelo o que faz o outro sentir.
Quando a gente descobre essas coisas, e começa enfim a acreditar de verdade nelas, o contexto da vida parece começar a tomar novas formas e se tornar mais agradável. O céu parece mais azul, os dias mais alegres e as pessoas mais felizes. A vida de repente tem mais sentido e os caminhos e as respostas vão sendo, um a um, encontrados.
Ainda quero uma história. Mas que fale de metas alcançadas, de objetivos cumpridos, de sensação de alívio. Meu personagem vai traçar o seu percurso, mesmo cheio de falhas, com ousadia e pronto pra recomeçar.
E o final? Bom, do final ainda não pensei muito e só sei uma coisa: vai ser feliz, muito feliz...


Autora: Rúbia Gomes

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