Friday 7 November 2008

TEATRO NO BRASIL: UM CONTRASTE ANTIGO PARA O CONTEMPORÂNEO

No final da década de vinte começaram a surgir peças teatrais modernas no país, com Oswald de Andrade e Álvaro Moreyra, porem foi com Nelson Rodrigues que o modernismo fincou forte suas raízes na dramaturgia brasileira. Os modelos de produção teatral européia por um longo tempo foram à base de quase todas as nações latino-americanas.
No Brasil, o chamado teatro de importação chegou juntamente com a corte portuguesa, com o passar do tempo começou a se perseguir uma identificação nacional.

Fazendo uma breve análise na dramaturgia contemporânea, podemos ver muitos autores que regionalizaram e nacionalizaram muitas peças para o enredo local. Começamos com o regionalismo de Ariano Suassuna, articulando do popular ao erudito, exaltando personagens e valores nordestinos; Jorge Andrade e o resgate da sociedade paulista e mineira, recentemente Miguel Falabella surge com suas críticas a sociedade brasileira em decadência, especialmente a carioca.

Quem está envolvido com a dramaturgia brasileira sabe que delimitar época já não adianta como referencial ao tema a ser abordado pelo teatro. As mudanças no teatro em relação ao teatro de Oswald de Andrade nas décadas de 1930 e 1940, começariam a aparecer quando começou a definir-se o propósito do contemporâneo em relação ao antigo.

As novas salas, os palcos diferentes e a evolução do fazer teatral para um homem mais evoluído e sedento de mudanças no nosso século, fez com que o teatro brasileiro ganhasse rumo. A Consistência do texto passou pra mão do autor e do diretor, e o discurso, próprio do autor fundiu-se ação e ao que a imagem poderia proporcionar. Partindo daí a obra passou a ser mais completa e menos direcionada á uma prática totalmente verbal e discursiva, diferente de antes que obrigava todos a cumprir a ditadura do texto e do autor. A maior mudança foi deixar o autor mais livre para atuar.

“É complicado usar o termo moderno para o teatro brasileiro. Pois o moderno já não é tão novo, e o contemporâneo já não é tão atual. Passa tão rápido que quase não concentra mudanças históricas e sociais”, explica Ricardo Correa diretor e ator teatral de Florianópolis.

Ricardo diz que o teatro brasileiro sempre foi político e nunca deixou de mostrar e relacionar sua justificativa através de uma critica. “Os temas da vida se repetem á todo momento, o homem vive sendo lembrado que é falho e cheio de erros e imprecisões” completa.

Sempre que houver função teatral haverá também critica ao homem, sendo individuo ou em grupo bem como a todo o sistema que o cerca. O teatro se faz verdadeiro se aponta, mostra, mexe e tenta transformar. Os temas tratados são todos os que cercam a sociedade, sempre foi assim desde o inicio com os gregos na Grécia clássica.

Aristófanes e os comediógrafos falavam mal dos políticos e dos sistemas governamentais, o que acontece até hoje lá e em todos os lugares do mundo. Um exemplo aqui no Brasil é Nelson Rodrigues, sua obra no mesmo tempo que fala do cotidiano banal e cheio de condicionamento, põe o dedo na ferida da moral teatral. Ele faz com que as pessoas admitam suas vontades secretas nem que seja em pensamento.

O teatro sem dúvida é a forma mais direta e vigorosa de expressas opiniões, criatividade cênica, investigação e dilemas da sociedade. Uma forma artística de inserir no cotidiano das pessoas, lazer, crítica, opinião, informação. Uma maneira de reinventar o próprio homem.


Ben-Hur Scheidt

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