Friday 30 March 2007

A força vem do Interior

Jornalismo Cidadão ou Jornalismo Participativo é uma idéia de jornalismo segundo a qual o conteúdo é produzido por cidadãos comuns apenas ou em colaboração com jornalistas profissionais. Esta prática se caracteriza pela maior liberdade na produção e veiculação de noticias, já que não exige formação específica em jornalismo para os indivíduos que a executam, mas, por outro lado, assim como outros sistemas colaborativos, carece de precisão e controle sobre o conteúdo publicado. O jornalismo cidadão ganhou força nos últimos anos a partir do advento das ferramentas de edição e publicação na internet como wikis, blogs e a popularização dos celulares.

O grande avanço da internet proporcionou uma evolução não revolucionária, mas satisfatória para o jornalismo cidadão. A internet abriu portas para a população opinar, algo que demandaria tempo e muita luta para acontecer nos grandes meios de comunicação.

O ex-colunista do jornal estadunidense San Jose Mercury News, Dan Gillmor , é um dos mais ativos defensores do jornalismo cidadão. Ele fundou uma entidade sem fins lucrativos, o Centro para a Mídia Cidadã para ajudar a promover esta prática. A televisão francófona canadense Canadian Broadcast Corporation também criou um programa semanal chamado "5 sur 5", que desde 2001 organiza e promove o jornalismo feito por amadores. No programa, espectadores enviam perguntas sobre ampla variedade de assuntos e, acompanhados por uma equipe de jornalistas, entrevistam especialistas.

Alguns meios de comunicação e veículos de mídias tradicionais no país já adotam seções e subportais que recebem contribuições do público, como por exemplo a coluna de Ancelmo Góis em O Globo . Quem iniciou este trabalho no país foi o portal iG, com a seção Leitor-Repórter, criada no ano de 2000 e depois extinta. Muitos teóricos afirmam que esse não se pode chamar de um exemplo real de jornalismo cidadão, dizem que é apenas um aproveitamento do material gerado pelos leitores.

Confinados em suas ideologias e credos, os grandes meios de comunicação impressa têm uma grande força influenciadora no mercado nacional, e isso dificulta expor a opinião de colaboradores. Para os adeptos desta prática, o jornalismo cidadão é uma chance de democratizar a informação, já que qualquer pessoa teria acesso à mídia e poderia expor suas opiniões ao público. Alguns defensores alegam que a participação do público traria mais credibilidade aos meios de comunicação, pois valorizaria mais a reportagem e incluiria a observação de testemunhas oculares dos fatos corridos.

Os jornais do interior têm uma participação relevante no mercado nacional. Se unissem forças certamente desbancariam os grandes veículos manipuladores de informações. Se conseguissem levar esse processo de união adiante, dariam uma excelente contribuição para ampliar o conhecimento público sobre o desempenho da imprensa interiorana. No contexto de uma sociedade que valoriza historicamente os pólos de desenvolvimento regional, caracterizadas pelo cultivo dos laços comunitários em processos políticos, os jornais do interior devem ser os responsáveis pela grande evolução do jornalismo comunitário no País.


Ben-Hur Scheidt para O Canal da Imprensa

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