Monday 11 June 2007

Minha Rua

Minha rua era tão minha
Em sua simplicidade.
Não sei de onde vinha
Mas ia para a cidade.

Com suas pedras redondas
E duas magras calçadas.
Não tinha praia nem ondas
Mas como tinha enxurradas.

Era alegre, era risonha.
Tinha orquestra de pardais
E a cantilena enfadonha
De mil pregações matinais.

Ali cresci me fiz homem
E minha rua coitada...
Qual as mães que se consomem
Foi tudo sem quere nada.

Foi pista de meus brinquedos
De jogos e correrias.
Foi dona de meus segredos
Viu tristezas, alegrias...

Viu meus passos imprecisos
Viu-me garoto traquinas.
E me viu trocar sorrisos
Nas rondas pelas esquinas.

Viu-me também certo dia
Sair de lá, nem sei quando.
Por fora sei que sorria
Por dentro estava chorando.

Guardei porem na lembrança
Aquele encanto que tinha.
A rua em que fui criança
A rua que foi tão minha.


De Manoel Bandeira

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