Tuesday 2 December 2008

A Rua é de Todos-Capítulo 3

Programas sociais que atendem os moradores de rua

Os programas de assistência social de Florianópolis contam com uma grande equipe de atendimento. São cinco grupos que fazem um trabalho conjunto para controlar a taxa de crescimento dos moradores de rua: Núcleo de Apoio aos Forasteiros (NAF), Casa de Apoio ao Morador de Rua, Programa de Apoio ao Dependente Químico (PROADQ), Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD) e o Abordagem de Rua.

Os grupos trabalham conjuntamente para controlar o número de mendigos e desabrigados. Uma entidade precisa da outra para dar continuidade aos seus serviços. As primeiras formas de abordagem começam no terminal Rita Maria. Os profissionais do NAF monitoram as pessoas que poderiam se tornar possíveis moradores de rua do município.

São eles que controlam e vigiam a rodoviária em vários turnos. Se perceberem que tem alguém dormindo lá há mais de um dia, ou passando necessidade, eles entram com um pedido de verba para a prefeitura, solicitado uma passagem, para a cidade de origem da pessoa. Enquanto aguardam a liberação de uma passagem, são encaminhados para a Casa de Apoio ao morador de rua. Lá recebem alimentação, banho, e ainda podem assistir á uma TV 14 polegadas, instalada em uma sala comunitária.

Caso a pessoa não tenha vínculos familiares que lhe dê condições de voltar a sua terra, a equipe coordenadora da Casa de Apoio faz uma reinserção social e ajuda no encaminhamento de um emprego, até que a pessoa possa se manter sozinha.

Da mesma forma que o NAF, o programa Abordagem de Rua funciona como coletor de possíveis e atuais moradores de rua. Quando o Abordagem encontra pessoas alcoolizadas ou drogadas, seja por meio de denúncia ou em sua rotina de trabalho, fazem todo o processo inicial de atendimento, conversam e colhem dados. Caso aceite uma intervenção do programa, a pessoa é encaminhada para o CAPS-AD e depois para a Casa de Apoio.


Casa de Apoio ao Morador de Rua

A Casa de Apoio trabalha exclusivamente com os moradores de rua, e abriga os pacientes que já se encontram em condições de viver em grupo e que conseguem controlar seus comportamentos. São atribuídas algumas tarefas para quem fica hospedado, mas alguns, devido à debilidade física, permanecem em repouso continuo, já que há anos não deitavam em uma cama, e outros devidos ás medicações aplicadas.

A assistente social da Casa de Apoio, Melissa Casagrande, já trabalhou no projeto Abordagem de Rua, enquanto cursava a faculdade de assistência social. Foi estagiária e educadora social do Abordagem durante cinco anos. Chegou a Casa como monitora em 2006, ano que se formou, e aceitou o convite para ser a assistente social, onde desempenha a função atualmente.

Melissa conta que não é qualquer pessoa que entra na Casa. “Para ficar aqui, o indivíduo deve ser encaminhado através de um dos projetos, NAF, Abordagem de Rua ou pelo PROADQ, que faz uma negociação pela vaga, avaliando se o paciente tem condições de se alojar”.

A instituição só atende homens e recebe mulheres em situação de extrema emergência. Segundo a coordenação dos serviços sociais da prefeitura, está sendo implantado um projeto chamado “Casa Rosa”. É uma versão feminina da Casa de Apoio que atenderá mulheres em situação de rua e desmembramento familiar.

Quando a pessoa chega, depois de alimentada, a primeira ação é sanar toda a questão de higiene, cortar o cabelo, tomar banho, fazer a barba. A partir daí, vai sendo estudado um a um, caso a caso. Logo vem a vez dos exames médicos necessários, documentação, porque geralmente não possuem. Em princípio, a Casa é para pessoas que estão em processo de recuperação, mas abre exceções para alguns pacientes de outros órgãos quando é solicitada.

Possui capacidade de abrigar 30 pessoas. Atualmente encontram-se alojados 31 pacientes e outros 17 participam dos programas de desintoxicação feitos pelo PROADQ.
Através da Abordagem, eles vêm encaminhados com um Boletim de Ocorrência (B.O), isso facilita um pedido da segunda via da certidão de nascimento, que é o documento básico para fazer os exames médicos e ser remetido para os programas de desintoxicação.

Durante o dia, os pacientes são levados para fazer o programa de desintoxicação. É o primeiro programa que ele participa depois que chega. Tendo alta, ele segue para uma comunidade terapêutica.


Confira o Próximo Capítulo: Tratamentos Psicológicos e Desintoxicações

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