Um lugar feito para aprender
Construído em 1982, com a proposta de abrigar crianças e adolescentes de todo o estado em regime de internato, o Centro Educacional Dom Jayme de Barros Câmara, é um órgão subordinado a Secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Habitação. Na época abrigava menores infratores, sendo chamado de Fundação Catarinense do Bem Estar do Menor, (Fucabem). Mas os abrigos com regime de internato acabaram ficando de responsabilidade de cada município, assim em 1994 com o apoio da Diretoria da Justiça, o local passou a ser uma entidade com o objetivo de auxiliar as famílias, crianças e adolescentes, tornando-se o Centro Educacional Dom Jayme de Barros Câmara.
Com a grande expansão que teve o município de Palhoça nos últimos anos, o número de periferias também cresceu, ampliando a procura de vagas no Centro Educacional. O crescimento foi gradativo, os cerca de 95 mil metros quadrados da instituição, são mais do que suficientes para atender mais de mil alunos, oferecendo estudo, refeição e atividades. Muitos talentos já brotaram lá de dentro, crianças e adolescentes considerados por muitos a escória da sociedade, hoje deslumbram carreiras de sucesso na Grande Florianópolis.
Um dos maiores exemplos vem da própria direção do Centro Educacional. A atual gerente geral do Dom Jaime, Carolina Carol Farias, 26 anos, conta que lembra ainda quando participava das oficinas de arte quando pequena no Centro Educacional. Moradora do bairro Bela Vista, cresceu ao lado da instituição e hoje se orgulha de ser a primeira mulher a gerenciar mais de 1.400 alunos da instituição.
“Quando assumi a direção do Dom Jaime quase nem acreditei, foi um sonho realizado”, comenta Carolina. Ela conta que grande parte das famílias que recorrem ao Centro Educacional, é por que não tem condições financeiras de manter as crianças e, devido a sua programação de jornada integral, ocupa o tempo das crianças deixando mais tempo livre para os pais trabalharem.
Projetos realizados no Dom Jaime
Na instituição as crianças têm um posto de saúde à disposição oferecendo atendimentos fonoaudiológicos, odontológicos e psicológicos. O programa também atua junto às famílias.As aulas e oficinas são divididas em turmas por faixa etária, onde aprendem diversas atividades como aulas de teatro, judô, violão, música, informática, vôlei além de atividades culturais, oficinas de arte entre outras. A instituição faz atendimento só para o município de Palhoça, e todo o serviço de trazer os alunos e deixá-los na porta de casa, é feito pela instituição.
Segundo Carolina, muitas pessoas ainda têm receio de mandar seus filhos para o Centro Educacional, devido a já ter sido utilizado para a correção de menores infratores. “O foco mudou, o Dom Jaime deixou de ser usado para essa finalidade”, argumenta.Para participar dos projetos as inscrições devem ser feita no início de cada ano, onde é feita uma seleção de alunos. “A disputa é grande”, finaliza a diretora.
Crianças aprendem ginástica
Uma grande sala revestida de tatames, um olhar concentrado nos olhos dos pequenos alunos, todos atendem os sinais da professora de ginástica Deise. Ela conta até três, e todos simetricamente desfilam os passos que são ensaiados há cerca de um ano pela turma. A felicidade é visível na face das crianças que, exibem a flexibilidade da juventude, exibindo os passos ensinados pela professora. Sulamita tem 10 anos, é uma das alunas que freqüentam a turma desde o início. Ela reside no bairro Brejaru, periferia de Palhoça. Além de Sulamita, a família envia também os dois irmãos da menina. A garota confessa a preferência pelas aulas de ginástica, devido as amizades que ela criou nessa atividade. Uma delas é com Ketlin Talita, de nove anos, a menina está na 3° série do primário, estuda e participa das atividades em período integral. No final da tarde as duas amigas seguem juntas para casa, já pensando nas atividades que farão no dia seguinte.
Projeto de municipalização pode se tornar realidade
O próximo projeto será municipalizar o Centro Educacional, para isso, foi realizada uma audiência com o governador do estado Luiz Henrique da Silveira e o prefeito de Palhoça, Ronério Heiderscheidt, solicitando a aceleração do processo de municipalização.A administração solicitou que no próximo ano, a instituição passe a ser gerenciada pelo município, a fim de instalar um novo programa chamado “Cidade da Família”, destinado a atender desde crianças a partir dos 4 meses de idade aos idosos. O custo anual para manter o Centro Educacional gira em torno de R$ 500 mil. Luiz Henrique disse que é parceiro desse projeto e que vai apressar o processo de municipalização.